1 de julho de 2009

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agenda de espectáculos - 2009/2010
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contacto para espectáculos - projecto.coincidencia@gmail.com


Um pianista de formação clássica que não se importa de arriscar. De “descompor”. Que é apaixonado pela comunicação. Que quer experimentar, desde que faça sentido. Desde que mexa, porque parada é já a banalidade e a vida é demasiado curta e preciosa.


Um actor que diz poesia. Que lê poesia. Que é apaixonado pela palavra. Que estudou música, trabalhou com músicos e está sedento de crescer. De explorar. De trocar. Que optou pelo instrumento da voz falada e quer fazer parte da música. Integrar.


Um jantar. Uma conversa que foi passeando em Luís Miguel Nava, Fernando Pessoa, Schumann, o amor, Sophia de Mello Breyner, J.S. Bach, fotografia, Herberto Hélder, tarot, pintura, Amílcar Vasques Dias, Al Berto, astrologia… Tudo misturado. Tudo organizado pelo seu lugar natural e próprio. Pelo respeito. Pela vontade de construir, sem delírios. De assumir limites para tornar claro. De criar.


Estava lançada a semente. O projecto aconteceria. E aconteceu, cinco anos depois deste encontro. A concepção foi breve, a gestação demorada. Foi o seu tempo. O tempo que lhe coube. Nós fomos atrás, como nos cabia. Chama-se COiNCIDÊNCIA.







Amo-te

O primeiro espectáculo do projecto COiNCIDÊNCIA.

O nome foi “roubado” da artista plástica Manuela Pimentel e da sua “revolta dos azulejos”. Ela que, por sua vez o tinha “roubado” às mensagens de amor deixadas nas paredes da cidade, tornando-nos testemunhas dessa intimidade pública. Desta vez, são os azulejos tradicionais portugueses que tapam os cartazes. Do projecto + ou - fixação proibida, saem as figuras avulso e os painéis de (supostos) azulejos pintados sobre cartazes de rua, revestidos a resina e estalados em forma de envelhecimento. Sobre eles, os stencils que falam connosco nas paredes das cidades. Amo-te, é o que nos dizem.





“O primeiro desejo dos amantes
é serem velhos amantes
e começarem assim o amor
pelo fim”


Regina Guimarães


Amo-te é uma viagem.
A partida é dada com o poema de Regina Guimarães.
Uma viagem pelo universo dos afectos, com as suas dependências e emancipações. A diluição do “eu” e o inevitável retorno. O inconsciente colectivo e a consciência do indivíduo.
A viagem começa na passagem do primeiro amor (no útero da mãe) para a primeira rejeição no caminho do indivíduo – o nascimento.

O piano, a voz e a imagem vão dialogando e coincidindo num espaço cénico simples, de luz íntima e artesanal, “como uma cama se afeiçoa a um corpo que vai vendo crescer (Maria do Rosário Pedreira).

A viagem termina como qualquer ciclo: junto ao lugar onde começou, com um olhar diferente porque a experiência é transformadora. Se os amantes começam o amor pelo fim, nós terminamos junto à morte, de olhos abertos, pensando que “se a juventude viesse novamente do fundo de mim com suas raízes de escamas em forma de coração, pegaria sem hesitações no leme do frágil barco (…) mas não estou triste(Al Berto).
O poente é belo e é bela a noite que fica…
assim é
e assim seja
(Alberto Caeiro).


Foto – Luís Tobias....................................................................... texto - Pedro Lamares


Ficha Técnica

Direcção Artística - Álvaro Teixeira Lopes e Pedro Lamares
Piano e Reportório Musical - Álvaro Teixeira Lopes
Voz e Selecção de Textos - Pedro Lamares
Imagem - Manuela Pimentel
Som - Inês Lamares e Luís Carlos Pereira
Direcção Cénica, Luz e Edição de Imagem - Pedro Lamares
Produção - Projecto COiNCIDÊNCIA
Assistente de Produção - José Freitas
Comunicação -
www.self-design.com
Fotos (cartaz e programa) - Luís Tobias e Mafalda Capela


Poetas:
Adília Lopes
Al Berto
Alberto Caeiro
Alexandre O’Neill
António Franco Alexandre
António Lobo Antunes
António Ramos Rosa
Carlos Oliveira
Daniel Maia-Pinto Rodrigues
Emanuel Félix
Eugénio de Andrade
Gonçalo M. Tavares
Herberto Hélder
Joaquim Castro Caldas
Jorge Sousa Braga
José Carlos Ary dos Santos
Maria do Rosário Pedreira
Maria Teresa Horta
Mário Cesariny
Mário de Sá Carneiro
Mário Henrique Leiria
Natália Correia
Norberto Ávila
Regina Guimarães
Ruy Belo
Sophia de Mello Breyner

Compositores:
Johann Sebastian Bach
Camargo Guarnieri
Leos Janacek
António Pinho Vargas
Robert Schumann
Piotr Ilitch Tchaikovsky

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Coincidência: s. f. (de co + incidência).

1. Estado de duas figuras geométricas que se sobrepõe. que ocupam o mesmo espaço.

2. Estado de dois ou mais objectos que se ajustam perfeitamente, que coincidem.

3. Simultaniedade acidental de dois ou mais acontecimentos.

in - Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, Academia das Ciências de Lisboa

3 comentários:

Unknown disse...

Comentar, comentar... sem ver e sem ouvir é mesmo difícil, mas conhecendo o Pedro, o seu muitíssimo bom gosto literário e não só, só posso gritar: "Quero ver JÁ "coincidências"! Será mesmo coincidência?!

Tânia Valente disse...

Não conheço o espectáculo, por isso tenho 2 perguntas: 1- que música ou músicas de Janacek são interpretadas,nomeadamente tocam a sua maravilhosa sonata em 2 andamentos, que tão bem vai com poesia? 2- Quando e onde é possível ver este espectáculo?
Obrigada

Anónimo disse...

provavalmente não existe uma coincidência mais maravilhosa que aquela entre a música e a poesia. E é assim que se percebe a simplicidade e, ao mesmo tempo, a intensidade da vida!