16 de janeiro de 2009

As Pessoas Sensiveis


As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas

O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra


"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"
Assim nos foi imposto
E não:
"Com o suor dos outros ganharás o pão."


Ó vendilhões do templo
Ó constructores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito


Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.


Sophia de Mello Breyner Andresen - in Livro Sexto




2 comentários:

Anónimo disse...

Não estava nem à espera, nem preparada. Não me sentia sensível a palavras soltos, nem a textos nem quase a histórias, quase desde que parti a minha última ponta Era uma noite entre amigos... tudo cordial, tudo imparcial, mais uma sob a luz das estrelas
Do nada surge a tua voz a ler, a dizer, a viver quase esse terrível poema que o Valter te dedicou. Pareciam punhais a dilacerar-me o coração, ou a alma que estava há uns tempos adormecida entre o céu e a terra calmos, entre o que eu era e o que posso agora ser.
Todavia essas lâminas cortaram fundo e sararam as chagas que sangravam sem se ver e hoje já não choro a ouvir-te, mas reencontro o encantamento que sentia pela vida, pelas palavras e por essa humanidade frágil e doce que me ajuda a ser uma alma livre.
Não sei se foi o texto, se como o leste, de qualquer forma muito obrigada.

Anónimo disse...

Não estava nem à espera, nem preparada. Não me sentia sensível a palavras soltos, nem a textos nem quase a histórias, quase desde que parti a minha última ponta Era uma noite entre amigos... tudo cordial, tudo imparcial, mais uma sob a luz das estrelas
Do nada surge a tua voz a ler, a dizer, a viver quase esse terrível poema que o Valter te dedicou. Pareciam punhais a dilacerar-me o coração, ou a alma que estava há uns tempos adormecida entre o céu e a terra calmos, entre o que eu era e o que posso agora ser.
Todavia essas lâminas cortaram fundo e sararam as chagas que sangravam sem se ver e hoje já não choro a ouvir-te, mas reencontro o encantamento que sentia pela vida, pelas palavras e por essa humanidade frágil e doce que me ajuda a ser uma alma livre.
Não sei se foi o texto, se como o leste, de qualquer forma muito obrigada.